Inaugurado em maio, o L’Unico foi sonhado e idealizado pelo chef porto-alegrense Alex Correa, que decidiu firmar os pés na terra natal depois de 20 anos numa jornada gastronômica pelo mundo. O restaurante, que traz as técnicas da alta cozinha internacional para um menu italiano com ingredientes bem gaúchos, está ganhando o coração dos que gostam de uma boa comida na capital gaúcha.
A ideia de trazer a cozinha italiana para o restaurante foi manter a tradição que já é forte no Estado. A fusão com a culinária gaúcha agregou sobretudo os ingredientes locais. As técnicas da cozinha internacional incorporaram os processos que fazem da gastronomia do L’Unico uma experiência singular.
O cardápio é inovador, com mesclas de sabores inusitados, num jeito diferente de degustar ingredientes do dia a dia. Alguns são verdadeiros desafios, sobretudo para os céticos da cozinha. Um exemplo disso é o chuchu, campeão de rejeição numa cozinha tradicional, mas que, no Galeto Caçador, do L’único, assume um sabor inigualável, que faz com que clientes, antes céticos, passem a ser fãs do chuchu fermentado que acompanha o prato. Usado para limpar o paladar, segundo o chef, é servido em uma pequena quantidade. “Tem gente que não gosta e depois de provar ‘reclama’, que tinha pouco no prato”, revela.
Menu sazonal e ingredientes reciclados
O restaurante é, indiscutivelmente, único e inovador. O menu é sazonal, não é extenso, mas feito a partir de processos complexos. Inclui dois cardápios por ano. Ali se produz tudo, desde pães até o sorvete. Os produtos são frescos e os insumos locais. “Usamos ingredientes locais incorporados em pratos com referências italianas e processos complexos, como por exemplo, um pão brioche feito com erva-mate que é servido com três manteigas: uma defumada – eu defumo muita coisa -, uma feita com pinhão e outra feita a partir dos ossos de tainha. Outra característica da minha gastronomia é o reciclar ingredientes. Faço muito isso na minha cozinha.”
A proposta é apresentar pratos gourmet com diferentes elementos e texturas. Para exemplificar, voltamos ao Galeto Caçador – uma mousse de polenta, croquete de galeto, redução de caldo de frango e chuchu fermentado – com uso de todas as partes do galeto no prato. “É feita uma mousseline com a carne do galeto, depois um ragu de cogumelos e peito para finalizar, tudo é colocado em um molde e cozido em baixa temperatura.”
Inovação da cozinha à decoração
Cardápio, estrutura e decoração, tudo é assinado pelo chef Alex Correa. É claro que as obras de arte que ocupam as paredes do ambiente não foram executadas por ele, mas foram idealizadas por ele. “A ideia foi criar um impacto artístico para quem visita o restaurante. Trabalhei em conjunto com artistas locais, expus as minhas ideias de arte e eles colocaram na tela”, revela, enfatizando que o ambiente e a atmosfera inovadora que os clientes encontram ao chegar no restaurante são bastante elogiados.
Tudo que está no restaurante, desde os equipamentos até os móveis e porcelanas, têm o olhar atento e detalhista do chef. A estrutura conta com muita coisa importada, entre elas, o prato que lembra um travesseiro, e que se destaca na hora de servir à mesa.
Sugestão do chef
Ficou curioso? Pois para quem vai a primeira vez ao L’Unico a dica do chef é Raviolone com gema mole, com creme de ricota de leite de ovelha com trufa negra e velouté de cogumelos para entrada. Como prato principal o “duo de carne”, servido costela defumada com molho de redução de carne, entrecot, nabo fermentado, ketchup de cogumelos, cebola caramelizada, purê de batatas com alho e alecrim, e para sobremesa o doce de abóbora que é um festival de texturas, servido com creme brûlé de abóbora, creme inglês de abóbora, terra de abóbora, doce de abóbora e crocante de abóbora.
A trajetória do chef Alex Correa
O chef Alex Correa, hoje com 44 anos, saiu de Porto Alegre, onde nasceu, para estudar inglês em Londres, Inglaterra, em 2004. Chegando lá, a gastronomia foi não só um meio de sustento para aquele momento, mas também o início de uma carreira promissora. “Desde criança sempre gostei de cozinhar. Quando tinha 10 anos, era escoteiro e meus primeiros passos na gastronomia foram cozinhando para a minha patrulha nos acampamentos. Depois disso, quando adolescente, fazia jantares para os amigos”, recorda.
Apaixonado por gastronomia, Alex estudou em escolas na Itália, França, Espanha, Peru, Argentina e Tailândia e trabalhou em Restaurantes em Londres e Sydney, como o Carluccios e Balzac; estagiou no Nobu, de Nova York; e depois começou sua carreira nos iates de luxo, cozinhando para celebridades do mundo inteiro. “Tive um grande aprendizado com as cozinhas dos iates, pois visitei muitos países e tive a oportunidade de usar os mais variados ingredientes principalmente no continente europeu. Os meus clientes sempre foram muito exigentes, o que me fez estar sempre aprimorando as minhas técnicas”, conta.
Vinte anos depois de começar a carreira, Alex voltou à terra natal trazendo na bagagem um vasto conhecimento gastronômico e uma credibilidade validada por clientes de extrema exigência. A volta a Porto Alegre mudou os planos do chef que morava em Nova Iorque. Até então a intenção era abrir um restaurante na Flórida, mas a pandemia o trouxe de volta para passar um tempo com os pais.
Os desafios
O maior desafio do chef hoje é se dividir entre a cozinha e os complexos processos da alta gastronomia e a administração do restaurante. “Eu sou chef e administrador. Dedico a maior parte do meu tempo dentro da cozinha, que acredito, seja a alma do restaurante. E como proprietário, ainda implementei todo o conceito de um restaurante ímpar em Porto Alegre”, relata. Embora seja uma casa nova, o chef já tem planos para ela no futuro. Ampliar a diversificação no conceito de gastronomia do L’UNICO em diferentes segmentos é um destes planos, segundo o chef.
Atende de quarta-feira a sábado, das 19h às 22h30 e domingos, das 12h às 15h.
Porto Alegre
Rua General Couto de Magalhães, 1.195
Instagram: @lunico_restaurante
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